Verbetes

A


Abilene (adj.)
Descritivo do frescor agradável do lado contrário do travesseiro.

Abinger (s.)
Aquele que lava toda a louça exceto a frigideira, o ralador de queijo e a caçarola em que a calda de chocolate fora preparada.

Abruzzo (s.)
Área de chão desgastada embaixo de um balanço infantil.

Ahenny (adj.)
O modo como alguém se comporta quando examina a estante de livros de uma outra pessoa.

Ainderby Steeple (s.)
Aquele que faz uma pergunta com o aparente motivo de querer ouvir a sua resposta, no entanto interrompe sua frase inicial curvando-se na sua direção e dizendo: “E vou te contar porque lhe perguntei isso...” e então fala substancialmente pela próxima hora.

Albacete (s.)
Um pêlo único e surpreendentemente longo que cresce no meio do nada.

Alcoy (adj.)
Vontade de ser forçado a tomar mais uma bebida.

Alltami (s.)
Arte ancestral de ser capaz de equilibrar os registros de quente e frio em um chuveiro.

Ambleside (s.)
Conversa proferida por um pai ao seu filho sobre a Realidade da Vida enquanto caminham no jardim em uma tarde de domingo.

Amersham (s.)
Espirro que faz cócegas mas nunca vem. (Acredita-se que a origem venha da estação de metrô do Metropolitan Line de mesmo nome, onde os trilhos crepitam mas o trem nunca chega)

Ampus (v.)
Um machucado visível que você não consegue lembrar como conseguiu.

Ardelue (v.)
Fazer uma grande encenação de procurar em todos os seus bolsos quando da aproximação de um coletor de caridade.

Ardentinny (s.)
Aquele que esfrega as mãos juntas fervorosamente ao sentar-se em um restaurante.

Aubusson (s.)
O estilo de cabelo adotado por uma garota em ocasiões especiais que lhe dá a sensação de como ela será daqui a vinte anos.

Aynho (s.)
Diz-se do fato dos garçons nunca terem uma caneta.

The Deeper Meaning of Liff
Douglas Adams & John Lloyd, 1992

N.T.: Para entender mais sobre essa fabulosa obra de Douglas Adams, leia os textos indicados abaixo. Vale ressaltar que nem todos os verbetes serão traduzidos (por enquanto) e que a escolha das palavras traduzidas não segue nenhum tipo de critério específico.

Prefácio

Prefácios 

Prefácio para a primeira edição de 1983
Na Vida*, há várias centenas de experiências, sentimentos, situações e, até mesmo, objetos comuns que todos conhecemos e reconhecemos, mas para os quais não existe uma palavra. Por outro lado, o mundo está infestado com milhares de palavras sobressalentes que passam o tempo todo sem fazer nada além de ficarem vadiando por aí em postes de sinalização apontando para lugares. Nosso trabalho, como o vemos, é retirar essas palavras dos postes de sinalização e colocá-las nas bocas dos bebês e criancinhas e assim por diante, onde elas possam começar a ganhar o seu espaço nas conversas do dia-a-dia e fazer uma contribuição mais positiva para a sociedade.
Douglas Adams, John Lloyd, Malibu, 1982.
*E, com certeza em Liff.

Prefácio para a reimpressão de 1984
O que dissemos no primeiro prefácio meio que prevalece, acredito.
Douglas Adams, Nova Iorque, 1983.

Prefácio para a segunda reimpressão de 1984
Não consigo pensar em nada mais para adicionar ao prefácio anterior. Aqui é bacana, no entanto.     
                                                                    Douglas Adams, Seychelles, 1984.

É mesmo?                                                                       John Lloyd, Birmingham, 1984.

Prefácio para a reimpressão de 1986
Havia algo que eu ia mencionar neste prefácio, mas é uma daquelas coisas que não se consegue lembrar quando se senta para escrevê-las.
Douglas Adams, Madagascar, 1985.

Prefácio para a reimpressão de 1987
Nada. Me veio a mente brevemente enquanto estava no Brasil, mas eu não tinha uma caneta.
Douglas Adams, Hong Kong, 1986.

Prefácio para a reimpressão de 1988
Você recebeu o prefácio que enviei por fax da Nova Zelândia?
Douglas Adams, Zaïre, 1988.

Prefácio para a reimpressão de 1989
Não.                                                                                   John Lloyd, Lambeth, 1989.

Prefácio para a segunda reimpressão de 1989
Que pena. Estava muito bom. Não consigo lembrar como era agora.
Douglas Adams, Beijing, 1989.

Prefácio para a terceira reimpressão de 1989
Nós citamos o fato de que todas essas palavras são de fato nome de lugares verdadeiros?
Douglas Adams, Ilhas Maurício, 1989.

Prefácio para a quarta reimpressão de 1989
Sim.                                                                                    John Lloyd, Lambeth, 1989.

Prefácio para a primeira edição do The Deeper Meaning Of Liff de 1990
Bem, não há muito que precise ser adicionado então, não é mesmo?
Douglas Adams, John Lloyd, Sydney, 1990.

Prefácio encontrado em The Deeper Meaning Of Liff
Douglas Adams & John Lloyd, 1992

N.T.: Para saber mais sobre esta obra de Douglas Adams, acesse o link abaixo:

Reflexões

“Deu uma folheada nos dois livros que acabara de apanhar. Um deles, o mais antigo, era um relato das assombrações de Borley Rectory, a casa mais mal assombrada da Inglaterra. A lombada do livro já estava bem esfarrapada, e as chapas fotográficas já estavam tão cinzas e embaçadas que eram praticamente indistinguíveis. Uma foto que ele imaginara ter sido um momento de muita sorte (ou montada) de uma aparição fantasmagórica acabou por se tratar, quando ele examinou a legenda, de um retrato do próprio autor”.


“Gordon Way jazia no chão, incerto sobre o que fazer. Estava morto.”


–  Quem é...?
– Você está falando com Svlad, vulgarmente conhecido como ‘Dirk’ Cjelli, atualmente negociando sob a alcunha de Gently por motivos que seriam desnecessários, no momento, de serem repetidos. Desejo-lhe uma boa noite. Se quiser saber mais, estarei no Pizza Express na Upper Street em dez minutos. Traga dinheiro.
–  Dirk? – exclamou Richard. – Você... Está tentando me subornar?
– Não, seu besta, é para as pizzas. – Houve um estalido. Dirk Gently havia desligado o telefone.


E a senhora Roberts? Como ela está? O pé ainda está dando trabalho a ela?
– Não desde que ela o amputou, mas obrigado por perguntar, senhor. Entre nós, eu teria ficado mais feliz se tivessem amputado ela e deixado o pé. Já tinha até um pequeno espaço reservado para ele em cima da lareira, mas sabe como é, temos que aceitar as coisas como elas são.


– Perceba, essas coisas, – disse a Richard que estava desconcertado, – são fáceis. Serrar uma mulher ao meio é fácil. Serra uma mulher ao meio e depois juntar os pedaços novamente é menos fácil, mas dá para ser feito se praticado. O truque que você descreveu com o vaso de duzentos anos e o saleiro da faculdade é – fez uma pausa para dar mais ênfase – completa e totalmente inexplicável.


Trechos extraídos de Dirk Gently's Holistic Detective Agency
Douglas Adams, 1987

Entrevista

Entrevista para o The Onion A.V. Club - Parte II

O. E tem o filme também. Ouvi rumores de que um filme do Guia do Mochileiro vem sendo especulado há décadas.

D.A. Bem, sim. Embora a coisa tenha começado a esquentar, houve duas fontes de rumores anteriores. Uma foi quando, há cerca de quinze anos, vendi os direitos para Ivan Reitman, que não era tão conhecido na época. A coisa realmente não funcionou, porque uma vez que havíamos começado o trabalho, Ivan e eu não nos encontrávamos pessoalmente. Na verdade, o que aconteceu é que ele não havia lido o livro antes de comprá-los. Ele tinha meramente visto o número de vendas. Acredito realmente que não era a praia dele, então ele quis fazer algo bem diferente. Por fim, concordamos em discordar e seguimos nossos respectivos caminhos, e nessa época os direitos tinham passado dele para a Columbia, e ele foi fazer um filme chamado Os Caça-Fantasmas. Dá para imaginar como fiquei irritado com tudo isso. O filme ficou parado lá nas mãos da Columbia por muitos anos. Acredito que Ivan Reitman na época pediu para alguém escrever um roteiro baseado nele que é, na minha opinião, o pior roteiro que já li. Infelizmente, tem meu nome nele e dos outros escritores, no entanto não contribui com uma vírgula se quer. Recentemente descobri que aquele roteiro está repousando na cidade dos roteiros, ou seja lá onde for, há muito tempo e que todos acreditam que eu o escrevi e que sou, conseqüentemente, um terrível roteirista. O que é bem angustiante para mim. Então, alguns anos atrás, fui apresentado a alguém que se tornaria um grande amigo meu, Michael Nesmith, que tem feito um monte de coisas diferentes em sua carreira. Além de ser um produtor de filmes, ele fora primeiramente um The Monkees, o que é meio estranho quando você chega a conhecê-lo, porque ele é um camarada tão sério, profundo, quieto, mas com um toque de prazer meio endiabrado. Então a proposta dele era que fizéssemos uma parceria. Ele seria o produtor e eu faria os roteiros e assim por diante. Nos divertimos muito trabalhando nisso por um bom tempo, mas acredito que Hollywood naquele momento viu a coisa como algo velho. Eles já passaram por muita coisa. E basicamente, o que me disseram várias vezes era que essencialmente, “Ficção-científica com comédia não vai funcionar como um filme. E aqui está o porque não: Se pudesse funcionar, alguém já o teria feito”.

O. Essa lógica me parece meio furada.

D.A. Então, o ano passado, aconteceu que Homens de Preto foi lançado e, de repente, alguém já havia feito aquilo. E Homens de Preto é... Como posso dizer de forma delicada? Existem elementos nele que acho um pouco familiar, devo dizer. Sendo assim, do dia pra noite, um filme de ficção científica de comédia que ia muita na mesma linha que o Guia se tornou um dos filmes de maior sucesso já feito. Com isso a perspectiva das coisas mudou um pouco. De uma hora para outra as pessoas meio que o queriam. O projeto com o Michael... No final das contas, não conseguimos fazer a coisa decolar, então desfizemos a parceria, mas como bons amigos e que ainda somos. Eu apenas espero que haja outros projetos no futuro em que ele e eu possamos trabalhar juntos, porque gosto muito dele e nos damos muito bem juntos. Além disso, quando mais tempo eu conseguir passar em Santa Fé, melhor. Bem, agora o filme está com a Disney ou, para ser mais específico, com a Caravan, que é uma das maiores empresas de produção independente, mas que está meio atrelada a Disney. É bastante frustrante não tê-lo realizado nesses últimos quinze anos, no entanto me sinto extremamente apoiado pelo fato de que alguém pode fazer um filme muito, muito, muito melhor agora do que há quinze anos. Isso em termos técnicos, de como será a aparência e como funcionará. Obviamente a qualidade verdadeira do filme está no enredo, na atuação, direção e assim por diante, e estas habilidades não emergiram nem afundaram nesses últimos quinze anos. Mas pelo menos em uma área substancial, em como trabalhar a aparência, melhorou significativamente.

O. E Joy Roach [Austin Powers] o está dirigindo, certo?

D.A. Isso mesmo. Ele é um cara muito interessante. Tenho passado um bom tempo conversando com ele. O segredo da coisa toda, sob vários aspectos, foi que quando conheci Joy Roach me identifiquei muito com ele, e pensei: “Eis um cara muito inteligente e brilhante”. Ele não é apenas um cara brilhante e inteligente, mas vou tentar mensurar o quão brilhante e inteligente ele é: ele quer que eu trabalhe bem de perto no filme dele. O que é algo que sempre enobrece um escritor para um diretor. Na verdade, quando estava criando a série de rádio original, ninguém jamais imaginara fazer o que fiz, afinal de contas eu tinha acabado de escrevê-la, mas eu meio que me inseri em todo o processo de produção. O produtor/diretor ficou meio surpreso com isso, mas no final levou tudo numa boa. Então tive muito a ver com o modo como o programa se desenvolveu e é certamente isso que Jay quer que eu faça nesse filme. Então pude sentir, “Ótimo, eis alguém com quem posso fechar negócio”. Obviamente estou dizendo isso no início de um processo que vai durar dois anos, então quem sabe o que vai acontecer? Tudo o que posso dizer é que nesse exato momento as coisas estão caminhando da melhor forma possível. Sendo assim me sinto muito otimista e animado com tudo isso.

O. Já se passaram por volta de vinte anos desde o programa de rádio, certo?

D.A. Bem, é quase exatamente vinte anos. Completará vinte anos no próximo mês.

O. Qual o segredo da longevidade do Guia do Mochileiro das Galáxias?

D.A. Eu não sei. Tudo o que sei é que ralei muito, me preocupei muito com ele e acredito que tornei as coisas muito difíceis para mim ao fazê-lo. E se existisse uma maneira fácil de fazer alguma coisa, eu acharia um caminho muito mais complicado de fazê-lo. E eu respeito o fato de que a quantidade de pessoas que gostam do Guia não está relacionado com a quantidade de trabalho que depositei nele. Isto é uma coisa meio simplista de se dizer, mas é o melhor que tenho agora.

O. A ideia é que o filme aborde o primeiro livro?

D.A. Sim. É engraçado, pois venho pesquisando na web o que as pessoas têm dito. Já vi, “Ele vai inserir os cinco livros no filme”. As pessoas realmente não entendem a maneira como um livro se projeta em um filme. Alguém disse, e achei bastante preciso, que o melhor material de origem para um filme é um conto. O que significa efetivamente que sim, vai ser o primeiro livro. Tendo dito isso, sempre que me sento e faço uma outra versão do Guia, ela é extremamente contraditória a qualquer versão anterior. O melhor que posso dizer sobre o filme é que será especificamente contraditório ao primeiro livro.

O. Qual a versão do Guia que te deixa mais satisfeito?

D.A. Com certeza não é a da TV. Dependendo do meu humor, vou oscilar entre a do rádio ou a do livro, que são as duas outras versões que me sobram, então tem que ser uma delas, não é? Sinto algo diferente por cada uma delas. Por um lado, a série de rádio foi onde tudo começou, onde a coisa cresceu, onde a semente brotou. Além disso, é onde senti que eu e as outras pessoas trabalhando no Guia – o produtor, o engenheiro de som e assim por diante e, é claro, os atores – havíamos criado algo que realmente parecia inovador na época. Ou melhor, deu a impressão que éramos totalmente loucos na época. Lembro-me de sentar no estúdio subterrâneo ensaiando o som de uma baleia se espatifando no chão a quase quinhentos quilômetros por hora por horas a fio, apenas tentando achar maneiras de ajustar o som. Depois de horas debruçado nisso, dia após dia, você realmente começa a duvidar da sua sanidade. E claro, não se tem a mínima ideia se alguém vai ouvir isso. Mas sabe de uma coisa, havia uma sensação real de que ninguém jamais tinha feito algo parecido antes, e isso era ótimo, porém há uma grande custo que vem junto com isso. Por outro lado, o encanto dos livros para mim é que aquilo ali sou eu. O grande apelo de um livro para qualquer escritor é que aquilo é simplesmente ele. É isso aí. Não há mais ninguém envolvido. Isso não é bem verdade, claro, porque a coisa se desenvolveu a partir de uma série de rádio em primeiro lugar, e tem o “feeling” de todas as pessoas que já contribuíram, de alguma maneira ou de outra, com o espetáculo de rádio de onde a coisa toda surgiu. Mas, no entanto, há um sentimento do tipo “este é um trabalho totalmente meu” em um livro e aprecio a maneira como a leitura flui. Sinto que a coisa flui com leveza, como se tivesse sido fácil escreve-lo, mas eu sei o quanto foi difícil de alcançá-lo.

O. Você às vezes se cansa do Guia do Mochileiro das Galáxias?

D.A. Houve uma época em que fiquei totalmente enjoado dele, e não queria nunca mais ouvir nada a respeito dele novamente, e chegava perto de gritar com quem viesse comentar sobre ele comigo. Mas desde então, eu viajei um pouco e fiz outras coisas. Escrevi os livros do Dirk Gently. Das coisas que fiz, a que mais gosto aconteceu há dez anos: viajei pelo mundo com um zoólogo amigo meu, e procurei por várias espécies de animais raros e em extinção, e escrevi um livro a respeito disso chamado Last Chance to See, que é o meu preferido. O Guia agora é algo do passado do qual gosto muito; foi ótimo, sensacional, e ele foi muito bom para mim. Tive uma conversa há pouco tempo com Pete Townshend do The Who, e acho que naquela hora eu disse, “Oh Deus, espero não ser lembrado apenas como a pessoa que escreveu O Guia do Mochileiro das Galáxias”. E ele meio que me reprimiu por isso. Disse, “Olhe, tenho a mesma sensação por Tommy, e por muito tempo pensei assim. A questão é: quando se tem algo do tipo na sua história, ela abre um monte de portas. Lhe permite fazer um monte de outras coisas. As pessoas se lembram disso. É algo de que se deve ser grato”. E achei aquilo bastante sensato.

O. Você deixou o Dirk Gently de lado?

D.A. Comecei a escrever outro livro do Dirk Gently e me perdi. Por alguma razão não conseguia fazê-lo fluir, então tive que deixá-lo de lado. Não sabia o que fazer com aquilo. Dei uma olhada no material novamente depois de mais ou menos um ano e de repente concluí, “Na verdade, a razão é que as ideias e os personagens não combinam. Tentei seguir uma linha de ideias incorretas, e essas ideias se encaixariam muito melhor em um livro do Guia, mas eu não quero escrever outro livro do Guia por enquanto”. Então eu meio que as coloquei de lado. E talvez um dia eu escreva um outro livro do Guia, porque há uma quantidade muito grande de material só esperando para adentrá-lo. Mas voltando ao Dirk Gently, eu meio que deixei o Dirk de lado, sério mesmo. Houve uma montagem de um aluno da Oxford sobre o Dirk Gently, Holistic Detective Agency há dois ou três meses, então fui lá para assisti-la. E é um enredo extremamente complicado... Parte da complexidade está lá para disfarçar o fato de que o enredo não funciona bem... Foi divertido assisti-lo no palco, pois repentinamente comecei a pensar sobre isso novamente, e pensar, “Bem, eles fizeram isso bem, mas o que deveriam ter feito era isso, e deveriam ter feito aquilo”. Sabe, começa a surgir um monte de ideia na sua mente. O que também foi interessante para mim foi que enquanto eu estava sentado lá sendo bem crítico em relação à montagem, fiquei embasbacado por ver o quanto o público estava gostando. Foi uma situação bastante peculiar. De repente pensei, “Adoraria ver isso acontecer em um filme, porque agora posso ver, tendo pensado a respeito disso recentemente dentro desse contexto, que tipo de filme ele se tornaria, e seria grandioso”. Então talvez, uma vez que o filme do Guia tenha subido aos palcos onde eu possa apontar a minha atenção para outras coisas também, isto é a próxima coisa que gostaria de fazer. E com este filme a caminho, espero que mais portas se abram no que diz respeito a fazer filmes. Adoraria fazer filmes, mas eis um homem dizendo isso inocentemente que nunca fez um.

Entrevista conduzida por
Keith Phipps, 1998.

Reflexões

“O Monge Elétrico era um aparelho que fora desenvolvido para se economizar esforços, assim como uma máquina de lavar louças ou um vídeo cassete. As maquinas de lavar louças costumavam lavar aquelas louças tediosas para você, evitando assim que você se entediasse lavando-as; os vídeos cassetes assistiam a tediosos programas de televisão por você, evitando assim que você se entediasse em assisti-los; os Monges Elétricos acreditavam nas coisas por você, evitando assim que você tivesse que cumprir uma tarefa que estava se tornando cada vez mais onerosa: a de acreditar em tudo o que o mundo esperava que você acreditasse”.


“O que eu quero dizer é que se você realmente quiser entender algo, a melhor maneira é tentar explicá-la para uma outra pessoa. Isso força você a solucioná-la dentro da sua cabeça. E quanto mais estúpido ou devagar for o seu aluno, mais você terá que fragmentar as ideias em pedaços cada vez menores... O professor geralmente aprende mais do que o aluno. Não é verdade?”


 – Você não faz ideia sobre o que eu ia falar?
 – Não.
 – Oh. Bem, eu acredito que deveria ficar feliz com isso. Se todos soubessem exatamente sobre o que eu ia falar, então não haveria razão para dizer, né?


Trechos extraídos de Dirk Gently's Holistic Detective Agency
Douglas Adams, 1987.

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