nov,
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“Por todo o
caminho, desde Londres até Heathrow, sofreu com a dúvida. Não era uma
pessoa supersticiosa, nem ao menos religiosa, era apenas alguém que não tinha
certeza alguma se deveria mesmo pegar o avião para a Noruega. Mas começara a
achar extremamente fácil acreditar que Deus, caso existisse um Deus, e caso
fosse remotamente possível que qualquer ser divino que pudesse por ordem na
disposição das partículas da criação do Universo também estaria interessado em
direcionar o trânsito na M4, não quisesse que ela viajasse para Noruega também.
Todo o problema com as passagens, encontrar um vizinho para cuidar de sua
gatinha, então achar a bichana para que ela pudesse ser cuidada pelo vizinho, o
vazamento repentino no telhado, o sumiço de sua carteira, a virada do tempo, a morte
inesperada do vizinho, a gravidez da gata – tudo aparentava uma campanha
orquestrada de obstrução que tinha começado a tomar proporções divinas.”
“Passou várias
horas daquela noite em cima do telhado de sua casa, acenando o seu punho
cerrado para o céu escuro e gritando “Pare!”, até que um vizinho reclamou para
a polícia dizendo que não conseguia dormir. A polícia apareceu escandalosamente
em um carro de patrulha e acordou o restante da vizinhança também.”
“Posso não ter
ido para onde pretendia ir, mas acredito que cheguei onde precisava estar.”
“[Um mecânico]
recomendara a eles um pequeno pub local onde poderia procurá-los quando tivesse
completado a vistoria do Citroën. Uma vez que o Jaguar de Dirk tinha apenas
avariado a lâmpada da seta direita [no acidente], e Dirk insistira que
raramente virava para a direita, dirigiram-se até o pub em seu Jaguar.”
Trechos extraídos de The Long Dark Tea-Time of the Soul
Douglas Adams, 1988
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